Hoje é um daqueles dias em que eu gostaria de ter um mestre a quem perguntar as coisas da vida. Um guru, talvez. Há situações das quais a gente acredita que já se livrou, batalhas que tomamos por vencidas e, de repente, elas ressurgem, com uma nova roupagem. Mudam os rostos, as datas, os nomes, os lugares, mas a situação, se olharmos de perto, é ainda a mesma que nos atormentou há meses ou anos atrás.
Por que certos pesadelos voltam, como uma maré alta que nunca recua? Algumas pessoas que ouvi e que considero sábias, me disseram que há situações que se apresentam de novo para que tenhamos chance de resolvê-las, de repensá-las. O ensinamento soou bonito, porém sempre gostei muito de caminhar pra frente e de viver coisas novas no lugar de desenterrar as antigas.
Depois de um tempo, me dei conta de que não se pode andar por muito tempo sem rever certas experiências, sem deixar na estrada aquela tralha que pesa na mochila. Alguns fantasmas também têm que ser enfrentados para que se perca alguns medos e se possa seguir viagem, com mais maturidade e coragem.
Para que as coisas realmente fiquem pra trás, talvez seja necessário enxergá-las de perto e lhes dar um novo sentido. Então coloco o passado lá atrás, no lugar ao qual ele pertence. Aquilo que se repete passa a ser não o que sou agora, mas um resquício do que fui. Uma lembrança sombria daquilo que não me serve mais, para reafirmar o que sou hoje. Um retrato de infância, que fala, mas com voz distante.
A boa notícia é que aquilo que retorna (e que não nos agrada) pode agora ter desfecho diferente, porque o momento que se vive é outro. Seria um teste da vida? Uma prova em que devo usar o novo que aprendi para resolver problemas antigos?
Encarando dessa maneira, o que parecia um tormento passa a ser visto como uma oportunidade de mudança. Uma transformação interna profunda pode gerar o crescimento necessário para finalizar o último capítulo de um problema que parece apresentar-se em etapas.
Passado ou presente, errando ou acertando, continuo verdadeira. E isso, até o momento, já é bom o bastante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário