Tudo estava sob controle. Eu tinha tudo sob controle. Sabia tudo o que precisava saber. Tinha todas as informações de todos os meus amigos, vizinhos, conhecidos e parentes (é claro). E se alguém novo se mudasse para a casa ao lado, era fácil descobrir o que eu queria. Tudo que eu precisava era um nome e uma breve pesquisa. E era absolutamente normal para mim. Saber de tudo, quero dizer. Todos os detalhes de todos ao meu redor, até as coisas mais insignificantes, elas importavam para mim. Até ele aparecer. E, você sabe, eu não falo com estranhos. A palavra “estranho” quase não existe no meu vocabulário. Está totalmente fora de cogitação falar com alguém sem antes saber pelo menos suas informações básicas. Como nome completo, data de nascimento, nome dos pais, avós, histórico de doenças, alergias, profissão, interesses, endereço, cores preferidas etc. Mas então ele apareceu e começou a falar. E eu fiquei tipo “ah, meu Deus, eu não falo com estranhos e você é um estranho, então, cale a boca”. Entretanto, o mais estranho era que, quando eu procurei seu nome no Google, ou até quando revirei seu lixo, não encontrei nada. Nadinha. Nenhuma informação. Então eu cavei mais fundo, e (que fique entre nós) descobri que esse cara não existe. Não com este nome, pelo menos.
Eu não sabia, mas “estranho” seria uma palavra muito popular nos meus próximos dias.
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